Camisa 10 (Joga Bola Até Na Chuva) é o décimo álbum da banda Charlie Brown Jr. e foi lançado em 2009. Penúltimo álbum da banda gravado em estúdio, conta com Chorão nos vocais e no beatbox, Thiago Castanho na guitarra e violão, Heitor Gomes, no baixo e Bruno Graveto, na batera. A primeira faixa, Dona Do Meu Pensamento, é uma baladinha hard com alternâncias entre pontes e refrões que cria uma melodia viciante.
A segunda faixa, Me Encontra, foi o primeiro single do disco. Traz uma guitarrinha bem típica da banda, com levadas hardcore e skate music. Aquele baixo com o fraseado típico do skate rock. Uma ótima baladinha. A terceira faixa, Só Os Loucos Sabem, tem o violão participando e narra uma experiência que Chorão teve na Igreja, quando prestigiou a gravação de um DVD do Rodolfo, ex-vocalista do Raimundos. Ganhou o Prêmio Multishow de Melhor Videoclipe em 2011. E é uma música bonitinha. A quarta faixa, Inabalavelmente, já traz o ragamuffin de volta, aquela vibe reggae, falando de temas de fim do mundo. O refrão tem uma guitarra psicodélica e hardcore que alterna o clima bem. Sonoramente muito boa.
Eles são de hardcore, mas quando fazem reggae fica melhor, não é?
A quinta faixa, Só Existe O Agora, já tem uma levada mais pop, meio funkeada às vezes, com arranjos interessantíssimos na bateria. Preste atenção nas viradas e no fraseado do baixo. A sexta faixa, Só Pra Vadiar, tem uma levada de ska, meio reggae também. Bateria fazendo viradas no contratempo certinho. E versos tipo “Chorão pra Presidente”, na hora em que ele manda o rap narrativa mais pro meio da música. A sétima faixa, Puro Sangue, começa com a guitarra imitando sirenes psicodelicamente e um baixo melancólico. Música protesto contra relações falsas. Parece que a vida de Chorão foi repleta de vacilão. Um ranço que somos obrigados a escutar durante as músicas dele.
A oitava faixa, O Dom, A Inteligência E A Voz, mais um hardcore barulhento com letras autopromocionais. Típico da banda em toda a carreira. Bateria acelerada, tal qual o baixo, que dedilhado, cria uma sensação de aceleração na música. A nona faixa, Os Cortes, é outra de hardcore, aceleradinha, com a guitarra bem trabalhada. E as letras, desta vez, (pasme!) de autoajuda. Quase uma novidade na banda. Atenção para as pontes, que são muito boas e resgatam o espírito de hardcore que os consagrou, lá pelos idos do segundo e terceiro álbuns. A décima faixa, Uma Vida Só Pra Viver, Tenho Sede Nela Eu Vou, vem alternando a onda do álbum com um raggamuffin psicodélico com bateria bem trabalhada, guitarra distorcida com hardcore mesclando ska, hardcore e psicodelia. Muito bom o trabalho de mistura que o guitarrista fez nessa faixa.
Apresentação circense no Criança Esperança é sinônimo de versatilidade?
A décima primeira faixa, Viver Dias De Sol, um hardcore com viradas muito bem construídas, além das pontes que criam um novo punch para a música e a retomada dos vocais. Letras autoajuda de novo. E um solo breve, porém bem escandaloso, no melhor estilo Van Halen, diferenciando a faixa de todo o restante do álbum. A décima segunda faixa, Comigo Ninguém Tira Onda, traz um ritmo quebrado, com guitarras bem agudas em alguns momentos e distorcidas nas bases, pontes e refrões. A bateria preenche o silêncio e o baixo vai sucateando a música com slaps, cordas tremendo e marcando o tempo certinho. A décima terceira faixa, Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva, traz participação do Bomba Sônica, hardcore e rap juntos de novo. A guitarra é ótima, a bateria inspira e os vocais vêm dando a tônica da saideira neste álbum. Riffs e pontes muito boas. Melhor faixa do álbum, que ganhou em 2010, o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. Parabéns à banda!
Nota 7 de 10.