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Camisa 10 (Joga Bola Até Na Chuva) [Charlie Brown Jr.]

Camisa 10 (Joga Bola Até Na Chuva).

Camisa 10 (Joga Bola Até Na Chuva) é o décimo álbum da banda Charlie Brown Jr. e foi lançado em 2009. Penúltimo álbum da banda gravado em estúdio, conta com Chorão nos vocais e no beatbox, Thiago Castanho na guitarra e violão, Heitor Gomes, no baixo e Bruno Graveto, na batera. A primeira faixa, Dona Do Meu Pensamento, é uma baladinha hard com alternâncias entre pontes e refrões que cria uma melodia viciante.

A segunda faixa, Me Encontra, foi o primeiro single do disco. Traz uma guitarrinha bem típica da banda, com levadas hardcore e skate music. Aquele baixo com o fraseado típico do skate rock. Uma ótima baladinha. A terceira faixa, Só Os Loucos Sabem, tem o violão participando e narra uma experiência que Chorão teve na Igreja, quando prestigiou a gravação de um DVD do Rodolfo, ex-vocalista do Raimundos. Ganhou o Prêmio Multishow de Melhor Videoclipe em 2011. E é uma música bonitinha. A quarta faixa, Inabalavelmente, já traz o ragamuffin de volta, aquela vibe reggae, falando de temas de fim do mundo. O refrão tem uma guitarra psicodélica e hardcore que alterna o clima bem. Sonoramente muito boa.

Eles são de hardcore, mas quando fazem reggae fica melhor, não é?

A quinta faixa, Só Existe O Agora, já tem uma levada mais pop, meio funkeada às vezes, com arranjos interessantíssimos na bateria. Preste atenção nas viradas e no fraseado do baixo. A sexta faixa, Só Pra Vadiar, tem uma levada de ska, meio reggae também. Bateria fazendo viradas no contratempo certinho. E versos tipo “Chorão pra Presidente”, na hora em que ele manda o rap narrativa mais pro meio da música. A sétima faixa, Puro Sangue, começa com a guitarra imitando sirenes psicodelicamente e um baixo melancólico. Música protesto contra relações falsas. Parece que a vida de Chorão foi repleta de vacilão. Um ranço que somos obrigados a escutar durante as músicas dele.

A oitava faixa, O Dom, A Inteligência E A Voz, mais um hardcore barulhento com letras autopromocionais. Típico da banda em toda a carreira. Bateria acelerada, tal qual o baixo, que dedilhado, cria uma sensação de aceleração na música. A nona faixa, Os Cortes, é outra de hardcore, aceleradinha, com a guitarra bem trabalhada. E as letras, desta vez, (pasme!) de autoajuda. Quase uma novidade na banda. Atenção para as pontes, que são muito boas e resgatam o espírito de hardcore que os consagrou, lá pelos idos do segundo e terceiro álbuns. A décima faixa, Uma Vida Só Pra Viver, Tenho Sede Nela Eu Vou, vem alternando a onda do álbum com um raggamuffin psicodélico com bateria bem trabalhada, guitarra distorcida com hardcore mesclando ska, hardcore e psicodelia. Muito bom o trabalho de mistura que o guitarrista fez nessa faixa.

Apresentação circense no Criança Esperança é sinônimo de versatilidade?

A décima primeira faixa, Viver Dias De Sol, um hardcore com viradas muito bem construídas, além das pontes que criam um novo punch para a música e a retomada dos vocais. Letras autoajuda de novo. E um solo breve, porém bem escandaloso, no melhor estilo Van Halen, diferenciando a faixa de todo o restante do álbum. A décima segunda faixa, Comigo Ninguém Tira Onda, traz um ritmo quebrado, com guitarras bem agudas em alguns momentos e distorcidas nas bases, pontes e refrões. A bateria preenche o silêncio e o baixo vai sucateando a música com slaps, cordas tremendo e marcando o tempo certinho. A décima terceira faixa, Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva, traz participação do Bomba Sônica, hardcore e rap juntos de novo. A guitarra é ótima, a bateria inspira e os vocais vêm dando a tônica da saideira neste álbum. Riffs e pontes muito boas. Melhor faixa do álbum, que ganhou em 2010, o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. Parabéns à banda!

Nota 7 de 10.

 
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Publicado por em quarta-feira, 11/02/2015 em resenha

 

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Ritmo, Ritual E Responsa [Charlie Brown Jr.]

Ritmo, Ritual E Responsa.

Ritmo, Ritual E Responsa é o nono álbum da banda Charlie Brown Jr. Foi lançado em 2007 e representou a continuidade do sucesso da banda. A primeira faixa, Pontes Indestrutíveis, foi o segundo single do álbum, foi trilha sonora de novela (e dessa vez não foi a Malhação) e é uma baladinha pop com elementos reggae muito bem articulada. Letras e arranjos muito bons. Ganhou, em 2008, o prêmio de Melhor Videoclipe, pelo Prêmio Multishow de Música Brasileira, e foi indicado no VMB da MTV, no mesmo ano, nas categorias de Hit do Ano e Videoclipe do Ano.

A segunda faixa, O Que Ela Gosta É De Barriga, traz uma levadinha ska, e um hardcorezinho típico de skate music. O solo do final, apesar de breve, é um dos melhores que a banda fez. A terceira faixa, Não Viva Em Vão, foi o primeiro single do álbum e traz uma guitarra bem agressiva no começo. É uma variante de hardcore e skate music. A bateria é excelente, super bem ritmada. A quarta faixa, homônima ao álbum, traz um fraseado no baixo muito bom. Uma guitarra meio jazzy, meio funky, bateria bem arranjada, fazendo viradas bem construídas e Chorão, cantando tudo truncado. Único momento audível são as pontes do refrão.

Nada mal, essa animação, não é?

A quinta faixa, Be Myself, foi tema de novela também e tem jeito de nü metal. Mas o vocal de Chorão não convence, além de trazer alguns versos que usados em outras músicas. Bateria faz o feijão com arroz e guitarra fica meio repetitiva após o primeiro minuto de música. Não é das melhores. A sexta faixa, Uma Criança Com Seu Olhar, baladinha, pop, reggae. Letra reflexiva, percussão e bateria bem arranjadas e guitarra com efeitos bem utilizados. A sétima faixa, Liberdade É Tudo, instrumental, é uma jam funkeada até o caroço. Ouve aí e tira sua própria conclusão:

Curtiu?

A oitava faixa, O Universo A Nosso Favor, conta com a participação da banda Forfun e isso faz desta música, uma faixa de hardcore melódico, com vocais limpos e esticados, tipo CPM 22 e essa safra de hardcore que veio de São Paulo e que é congruente com o estilo do Forfun. É acelerada demais e meio escandalosa até. Porém, dentro do contexto do álbum, é uma das boas. A nona faixa, Ninguém Entende Você, tem um peso na guitarra e na bateria. Uma influência de hardcore e metal. Mas a letra cantando em português e metal mixado dessa forma não combinam. Essa é a faixa mais horripilante do álbum. Espere só até ouvir o solo – que não combina com nada na música. Talvez no show, exista a possibilidade de um mosh interessante. Mas fora isso, a música simplesmente não convence. A décima faixa, Quando Tudo Aconteceu, é mais uma instrumental, começa com um zunido e um chiado e daí é uma sonoridade meio anos 80 tomando conta do álbum. A faixa chega ao final e o zunido e o chiado prevalecem.

A décima primeira faixa, Beco Sem Saída, começa calminha, guitarra com efeitos suaves, fraseado no baixo bem tranquilinho. Semelhanças de sonoridade com os emocores do final dos anos 90. A décima segunda faixa, Sem Medo Da Escuridão, conta com a participação de MV Bill. Beatbox, guitarrinha com efeitos e distorções e rimas, basicamente assim. Interessante a forma como exploraram o silêncio no início do terceiro minuto. A décima terceira faixa, Nua, Linda E Inigualável, tem influência de música eletrônica e efeitos na guitarra. Nü metal do mais barulhento possível. Tem tipo uma influência de Gravity Kills, Fear Factory e outras bandas expoentes do estilo, no final dos anos 90 também. A décima quarta faixa, Vida De Magnata, conta com a participação de João Gordo. Hardcore e metal se misturam com direito a vocais guturais e tudo que a fusão dos estilos permite.

Trata-se de uma bela participação do João Gordo?

A décima quinta faixa, Que Espécie De Vermes São Vocês?, conta com a participação de Markon Lobotomia. É um hardcore misturado com metal também. Barulhenta. A décima sexta faixa, Buscando Um Novo Rumo, é instrumental e troca a sequência metaleira que estava sendo apresentada. A décima sétima faixa, Vivendo A Vida Numa Louca Viagem, traz o pessoal do Sacramento MC’s para mais uma daquelas faixas com várias pessoas cantando. E de novo, em vários idiomas. A décima oitava faixa, Curva De Hill, começa com uma bateria tocada com mão solta. Efeitos bem distorcidos na guitarra e no vocal. Lembra muito o som do Gravity Kills novamente. Deve ser influência dos músicos que integraram a banda no disco anterior.

A décima nona faixa, Direto E Reto Sempre, traz uma bateria aceleradinha, com a guitarra fazendo arranjos até com harmônicas e backing vocals preenchendo o som. A vigésima faixa, Skateboard Amor Eterno, traz de novo os MC’s do Sacramento MC’s para mais uma faixa bagunça com idiomas e versos variados. Desta vez, a batida de hardcore melódico presente. A vigésima primeira faixa, Café Fundation, é instrumental e é bem calminha, com um tom meio decrescente e um lance que lembra um pouco bossa nova. A vigésima segunda faixa, Paranormal, conta com a participação de Paranormal Attack e traz influência de música eletrônica e um fraseado de baixo interessante. Enfim, falharam ao criar uma vibe boate. A última faixa, Senhor Do Tempo, é uma faixa bônus gravada ao vivo. Uma das boas do Charlie Brown Jr. após a primeira fase deles. Parece que ao vivo eles são melhores nas músicas farofas.

Nota 4 de 10.

 
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Publicado por em terça-feira, 16/09/2014 em resenha

 

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Imunidade Musical [Charlie Brown Jr.]

Imunidade Musical.

Imunidade Musical é o oitavo álbum da banda e foi lançado em 2005. Após o último álbum, Marcão e Renato Pelado saíram da guitarra e bateria, respectivamente, alegando diferenças de sonoridade. Então, Charlie Brown Jr. inaugurou uma nova formação com Pinguim, na bateria e no beatbox, Heitor Gomes, no baixo e Thiago Castanho na guitarra. O disco vendeu 100 mil cópias, ganhando o Disco de Ouro. A primeixa faixa, Too Fast Live Too Young To Die, é uma vinheta de 40 segundos, com o bom e velho hardcore, estilo básico da banda, dando a tônica do disco.

A segunda faixa, No Passo A Passo, hardcore e metal se encontram de forma empolgante, logo no início do álbum. Pontes e viradas bem típicas do metal, baterias aceleradas e muita distorção. Prato cheio para quem gosta dos dois estilos. A terceira faixa, Lutar Pelo Que É Meu, é talvez o grande single e sucesso do álbum. Figurou na abertura de uma novela global (tente adivinhar qual). Guitarrinha com arranjos simples, distorção nos refrões. Alguns efeitos bem diversificados. A velha e boa receita pop que eles descobriram a partir do terceiro álbum na carreira. A quarta faixa, É Quente, lembra um pouco aqueles funks do Comunidade Ninjitsu, e a batida do Tihuana. As pontes são muito boas. Mais um belo exemplar do portfólio hardcore da banda. A guitarra sabe conjugar as paradinhas com as viradas da bateria e tem direito até a citação de Clodovil na letra. A quinta faixa, Onde Não Existe A Paz, Não Existe O Amor, mostra que a pancada não para. A guitarra continua plugada na distorção e o baixista continua com os dedos aceleradíssimos. Letra com bastante fanopeias e logopeias dicotômicas. É um exemplo da evolução da maturidade musical que o sucesso trouxe para eles.

É incrível a diferença entre a quinta faixa do segundo álbum e esta, né?

A sexta faixa, Ela Vai Voltar (Todos Os Defeitos De Uma Mulher Perfeita), é mais um single do álbum. Durante muito tempo, essa tocou na rádio, incansavelmente, consolidando o sucesso do álbum. Arranjo no violão bem sutil, musiquinha daquelas que meninas curtem bastante, sabe? Se não me engano, parece que essa letra fala da esposa do Chorão e foi composta num momento em que os dois se separaram, por não sei qual motivo. Refrões melódicos e batidas levadas no contratempo fazem dessa, talvez, a melhor música do disco. A sétima faixa, O Mundo Explodiu Lá Fora, traz uma bateria bastante alternativa durante o percurso da música. O baixo dá uma carregada em alguns trechos, propondo uma empolgação que o vocal e a letra não conseguem acompanhar. Não é lá das melhores. A oitava faixa, Senhor Do Tempo, traz uma sonoridade um pouquinho diferente. Um tecladinho fazendo uns arranjos bonitinhos, letra bacaninha e o tempo bem marcadinho na bateria, e até umas harmônicas na guitarra. A nona faixa, Liberdade Acima De Tudo, tem uma sonoridade nü metal muito típica do som que figurou no final dos anos 90 e início da década de 2000. A distorção da guitarra praticamente cria as melodias nessa faixa. Mas não chega a ser uma de nü metal puro, pois tem um resquício de hardcore em alguns trechos. Além disso, a música contém uma letra bastante autobiográfica da parte de Chorão.

Chorão pra presidente, cê crê nessa letra?

A décima faixa, Pra Não Dizer Que Eu Não Falei Das Flores, é um cover do clássico de Geraldo Vandré. Versão reggae. É digna. A décima primeira faixa, Abrir Seus Olhos, corta a onda da Jamaica e volta a acelerar as coisas. A guitarra variando o mesmo tema de forma incrível. Tem umas paradinhas também, que valorizam o baixo e a bateria. No geral, é uma boa. A décima segunda faixa, Green Goes, tem a fonética semelhante à da palavra gringos. Traz Chorão mais o pessoal do Sacramento MC’s, mandando um rap idiomaticamente de acordo com o título. Tem um lance meio Limp Bizkitz no instrumental dessa música também, que cativa. Além disso, é uma daquelas faixas bagunça, cheia de rappers, descendo a letra, sem medo de rimar, que aparece em uns três ou quatro álbuns da banda. Muito boa. A décima terceira faixa, I Feel So Good Today, começa meio baladinha e mantém o ritmo light, ótima música para alternar a onda pesada que o disco vinha apresentando. Tem uns arranjos bem interessantes com guitarra e baixo nessa. É o sossego, com letras em bom português e refrão em inglês, para começar a segunda parte do disco.

Banda brasileira peca ao cantar em inglês?

A décima quarta faixa, Peso Da Batida Do Errado Que Deu Certo, vem com um groove, puxando de novo a pancadaria do hardcore no álbum. Lembra muito, também, nü metal, em sons tipo o do Limp Bizkitz e do Linkin Park. A troca de músicas na banda fez a sonoridade dar um salto em outra direção, mas sem perder o que a banda vinha apresentando até então. A décima quinta faixa, Aquela Paz, vem até com violino, surpreendendo quem queria ouvir mais uma de hardcore. A décima sexta faixa, Cada Cabeça Falante Tem Sua Tromba De Elefante, traz o Rappin Hood numa mistura de rock e rap, guitarra com arranjos em wah-wah, psicodélicos, tipo. Ritmo valorizado nos contratempos também. Viradas de bateria iguais às apresentadas no álbum todo. Além do solo tipo portfólio. E um refrão que inspira coragem no ouvinte. Muito boa. A décima sétima faixa, Onde Está O Mundo Bom? (Living In LA), tem riffs fantásticos. Talvez a melhor faixa de hardcore do disco. E talvez o melhor solo também. Confira aí!

A décima oitava faixa, O Nosso Blues, inicia com o melhor groove de baixo do álbum. Numa batida funkeada, o blues aterrisa nos instrumentos dessa banda e inova, de certo modo, afinal, nunca tínhamos ouvido o blues do Charlie Brown Jr. E agora, ó o blues deles aí. Ouve que ficou bom! A décima nona faixa, O Futuro É Um Labirinto Pra Quem Não Sabe O Que Quer, traz um ritmo frenético na base. Não chega a ser hardcore, nem nü metal, mas em alguns trechos eles estão presentes, principalmente na reta final da música. A vigésima faixa, Na Palma Da Mão (O Ragga Da Baixada), lá vem o rap de novo, com samples eletrônicos bons. muitos claps, vocal meio arranhado tipo Chico Science, meio Falcão, meio Marcelo D2. E también está lá, la apología a la marijuana. Muito da boa essa.

A vigésima primeira faixa, Skate Vibration, lá vem o batera soltando o braço, hardcore nü metal feelings. Guitarra acelerada, nervosa e construindo as pontes até o refrão. Pick-up mandando muito também em alguns trechos e no fim, aquele corte seco na música. A vigésima segunda faixa, Criando Anticorpos, é rapidinha, é psicodélica, é distorcida, é acelerada quando precisa e tem um solinho bacaninha. A última faixa, Dias De Luta, Dias De Glória, foi o quarto single deste álbum e finaliza com chave de ouro uma coletânea de lentinhas, hardcore/nü metal e raps coletivos. Era uma das favoritas de Chorão. Pode ouvir que é boa!

Nota 7 de 10.

 
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Publicado por em sábado, 16/08/2014 em resenha

 

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Tamo Aí Na Atividade [Charlie Brown Jr.]

Tamo Aí Na Atividade.

O álbum Tamo Aí Na Atividade é o sétimo álbum da banda e foi lançado em 2004. Com o sucesso do álbum lançado pelo Acústico MTV, Charlie Brown Jr. conseguiu a marca de 2 milhões de álbuns vendidos. Este, ultrapassou a marca de 250 mil cópias vendidas e foi premiado com o Disco de Platina. Além disso, em 2005, recebeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. A primeira faixa, Malabarizando (Quem É De Fé Continua Com A Gente), praticamente uma vinhetinha, anunciando qual que é a do disco. Rimas, influência de música eletrônica e violão (provavelmente influenciados pelo álbum unplugged.

A segunda faixa, Champanhe E Água Benta, traz o bom e velho groove skate music no baixo, somado às rimas velozes e criativas de Chorão, com pontes sensacionais e refrões numa vibe melódica. Destaque para o punch seguido da valorização do silêncio que a música oferece na hora que ele canta os versos “Você é bonito / E eu sou feio“. Foi o primeiro single deste álbum e o videoclipe foi indicado no VMB em quatro categorias, nas categorias melhor edição, melhor direção, melhor videoclipe de rock e escolha da audiência. Era a colheita do sucesso que a banda vinha construindo durante a carreira. A terceira faixa, homônima do álbum, é o segundo single do disco. Traz uma guitarrinha com efeitos psicodélicos e base de reggae. Bateria se valoriza mais no meio da música e a banda ainda meio que emula o estilo d’O Rappa em alguns momentos. A quarta faixa, Eu Vim De Santos, Sou Charlie Brown, já começa com o violão marcando uma base pop, elementos eletrônicos, letras afirmativas e bairristas, típicas do hip hop paulista. Muita boa também.

É o Alex do Madagascar?

Participação especial no videoclipe “Champanhe E Água Benta”.

A quinta faixa, So Far Away, resgata um pouquinho do hardcore que ascendeu a banda ao sucesso nos álbuns anteriores. Letra em inglês, bateria bem marcadinha e baixo e guitarra acelerados. Típica da banda. Provavelmente foi aquela música de hardcore que eles quiseram deixar no idioma de origem do estilo. O resultado ficou bacaninha. A sexta faixa, Longe De Você, é uma baladinha pop com letra reflexiva. A maturidade musical, neste disco, é outra. A sétima faixa, Di-SK8 Eu Vim, conta com a participação do DJ Fernando, nos scratches. Efeitos psicodélicos nos arranjos e um rap de boa, nessa faixa breve. A oitava faixa, Di-SK8 Eu Vou, tem até uma flautinha, naquele estilo da música Biruta do Planet Hemp, ritmos quebrados e efeitos eletrônicos durante toda a música.

A nona faixa, Vivendo Nesse Absurdo, é um hardcorezinho melódico que lembra um pouco o trabalho do CPM 22 e Detonautas, em alguns elementos. A bateria apresenta um ritmo de fanfarra em alguns trechos e um solo de guitarra do tipo “apresenta-portfólio” sabe? Muito boa também. A décima faixa, Todos Iguais, o batera desce o braço e a guitarra já volta encarnando o hardcore cartão de apresentação da banda. Letra de protesto e viradas e pontes empolgantes. A décima primeira faixa, Cheirando Cola, é rapidinha e é daquelas que rola de ouvir no repeat muitas vezes. Elementos eletrônicos, palmas, backing vocals e um lance meio raggamuffin. Bacaninha também.

De Proibida Pra Mim até esse clipe, houve uma evolução na bateria, né?

A décima segunda faixa, O Errado Que Deu Certo, traz um arranjo dedilhado bem feito como base da música. A harmonia dos refrões agitam, mas meio que não combinam com o restante da música. Bateria completa os espaços do compasso de forma eficiente, completando o baixo durante a calmaria e criando a subida no ritmo mais perto do final. A décima terceira faixa, Malokero SK8 Board, mostra uma influência de metal, bem unido ao hardcore, vocais bastante agressivos, quebradas de ritmo e bateria pisando no bumbo de acordo. Mais um daqueles solos portfólio. A faixa é rapidinha também, caso você não seja tão fã dessa parte barulhenta da banda. A décima quarta faixa, Indicados Para O Prêmio Nobel Da Paz, começa num climinha jazz e já alterna o hardcore com ritmo quebrado, vocais agressivos, aceleradas de bateria, e, mais no meio, o jazzinho volta, com diálogos semicantados, semivocalizados, guitarrinha com influência de hard rock também. Não é o som típico da banda, mas é típico dos contemporâneos. É uma inovação a la Planet Hemp que agrega ao trabalho realizado no disco. A última faixa, Lixo E O Luxo, o violão volta, com palhetadas rápidas, uma melodia mais pop, mais calma, bem arranjada com elementos simples, para finalizar o álbum.

Nota 8 de 10

 
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Publicado por em sexta-feira, 15/08/2014 em resenha

 

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Bocas Ordinárias [Charlie Brown Jr.]

Bocas Ordinárias.

O álbum Bocas Ordinárias é o quinto álbum da banda Charlie Brown Jr., foi lançado em 2002 e é mais um para o hall do hardcore e skate punk. A sonoridade continua a mesma que a banda vem apresentando, revelando simultaneamente a evolução das músicas. A primeira faixa, Papo Reto (Prazer É Sexo, O Resto É Negócio), já deixa claro que a banda não perdeu o ritmo e que os hits continuarão a vir. Essa faixa é tipo uma daquelas que estavam predestinadas ao sucesso antes mesmo de ser lançada. Tanto que ganhou o VMB 2003 na categoria escolha da audiência. Confira.

E o VMB é um título muito doido?

A segunda faixa, Hoje Eu Só Procuro A Minha Paz, já começa com aquela puxada do baixo típica do hardcore. A partir daí, a guitarrinha introduz um clima psicodélico, com arranjos simples e o baixo parte pro groove. Bateria encaixando, marcando o tempo. A terceira faixa, Baader-Meinhof Blues, traz a letra de Renato Russo na voz de Chorão. Nada mau para um cover! A versão unplugged é melhor, no entanto. A quarta faixa, Só Por Uma Noite, mantém a qualidade do disco on topo. Hardcore com pop com uma letra que cativou as pessoas. Não a toa, não só foi indicado na categoria de melhor direção, como papou o VMB 2003 de melhor videoclipe de banda de rock, além de ser trilha sonora de novela global (adivinhem!).

E essa versão MEME?

A quinta faixa, My Mini Ramp, é um daqueles hardcores clássicos de filmes norteamericanos com universitários que perdem virgindade e tudo mais. Letra em inglês, no melhor estilo speed punk. É engraçado ouvir o Chorão cantando em inglês emboladíssimo. A sexta faixa, Bocas Ordinárias, Guerrilha, conta com uma guitarra empolgante, tanto quanto as viradas de bateria aceleradas na caixa (são tantas que até fica). Mas essa tem uma levada hard rock, inclusive. Uma das melhores e mais empolgantes do álbum. A sétima faixa, Não Fure os Olhos da Verdade, lembra bastante aquelas músicas do Bad Religion, uma banda mainstream do punk rock. Ouve aí que você vai identificar! A oitava faixa, Sou Quem Eu Sou (O Que É Seu Também É Meu E O Que É Meu Não É Nosso), carrega uma linha de baixo com as cordas soltas, uma guitarra base bem típica de skate music e um vocal bem repetitivo. Talvez as rimas não foram tão bem escolhidas aqui.

A nona faixa, Com Minha Loucura Faço Meu Dinheiro, Com Meu Dinheiro Faço Minhas Loucuras, traz aqueles velhos versos que Chorão já cansou de repetir. Skate music de primeira. Esse é talvez um álbum com coletânea de influências. Muito som parecido com Bad Religion, Less Than Jake, I Against I, H2O, Lagwagon, etc. Todo o universo punk pop presente no instrumental. A décima faixa, Somos Poucos Mas Somos Loucos, alterna e troca a onda punk e lá vem o beatbox com Chorão mandando aquela rima acelerada de sempre. Rapidinha, quase uma vinheta. De repente, já traz uma levada metal, Renato Pelado na batera, soltando o braço, Champignon fazendo o simples e necessário, bem melódico, e Marcão dedilhando nas bases e soltando a distorção nas pontes e nos refrões e Chorão descendo a letra homenageando os manos de Sampa. A décima primeira faixa, Com A Boca Amargando, começa com um barulho de água, fogo queimando, fungadas e filosofias de fim de noite de Chorão. E lá vem aquela guitarra presente no álbum inteiro, acelerando a reta final, com refrões que agitam e pontes sutis que acalentam. A última faixa, Tarja Preta, pick-up e baixo slapeado. Guitarra meio metal, lembrando Limp Bizkitz e vocal meio distante, sirenes, aceleradas repentinas no ritmo, solinho tipo Rage Against The Machine, e sons estridentes. Um final de disco daqueles dignos de agradecer o silêncio que vem depois do stop.

Nota 6 de 10.

 
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Publicado por em quinta-feira, 14/08/2014 em resenha

 

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100% Charlie Brown Jr. – Abalando Sua Fábrica [Charlie Brown Jr.]

100% Charlie Brown Jr. – Abalando A Sua Fábrica.

O álbum 100% Charlie Brown Jr. – Abalando Sua Fábrica, lançado em 2001, é o quarto disco da banda e, seguindo a tendência punk do final dos anos 90, traz muito hardcore, ritmos acelerados e guitarras emboladas para a sonoridade da banda. Já na primeira faixa, Eu Protesto, letra, título e groove indicam o tom do álbum e as guitarrinhas alternam entre punk e ska.

A segunda faixa, Hoje Eu Acordei Feliz, lembra o punk brasileiro que fez muito sucesso no cenário alternativo, tipo Garotos Podres e Gritando HC. Foi o primeiro single deste álbum e guitarras distorcidas, com riffs agudos, bateria pesada e linha de baixo bem marcada, como são os clássicos do punk-ska. Tem seu vídeoclipe inspirado no filme Snatch: Porcos E Diamantas. A terceira faixa, Sino Dourado, é mais uma batida punk com uma letra irreverente. Falando de grelos, drogas e mulheres de forma inusitada, o baixo continua bem marcado e a bateria de Renato Pelado segue com o braço solto. Na quarta faixa, Quebra-Mar, com uma vibe surf music usando efeitos interessantes com a guitarra de Marcão. Uma onda psicodélica e, talvez, essa é a única música que tem a presença do rap. Único problema, porém, Chorão canta tudo embolado.

Às vezes ele faz isso, né?

A quinta faixa, Lugar Ao Sol, é uma música composta por Chorão e dedicada a seu pai, que havia falecido no ano anterior. A letra é bem poética e a harmonia conduzida por baixo, bateria e guitarra acompanham uma leveza adequada à homenagem. Foi hit automático. Sucesso nas rádios e, após a morte de Chorão, se tornou a música mais vendida no iTunes. A sexta faixa, Descubra O Que Há De Errado Com Você, lá vem o hardcore novamente, dando mais um gás na sequência do álbum. Guitarra acelerada, baixo muito marcadinho e bateria incessantemente acompanhando e conduzindo o hardcore. Bom pra fazer aquele mosh nos shows. Na sétima faixa, Só Lazer, traz uma guitarra distorcida alternando entre base, ponte e refrão. A bateria explora mais os tons. Interessante notar que as faixas são bem rapidinhas. Beirando uma média de três minutos e meio por música, quando você olha na playlist e descobre que o álbum já passou da metade, você percebe que ouvir o álbum até aqui foi muito rápido. Na oitava faixa, Você Vai De Limusine, Eu Vou De Trem, temáticas antigas revisitadas, a questão social, Chorão pé-rapado, ele tem X eu tenho Y, mas sou melhor e blábláblá. A guitarra possui um timbre meio reclamão, tal qual Chorão nessa musica.

Uma boa versão unplugged de Sinos Dourados, não é mesmo?

A nona faixa, O Lado Certo Da Vida Errada, punk rock acelerado. Rapidinha e concisa, guitarra, baixo e bateria marcados e embalados por versos contraditórios. A décima faixa, T.F.D.P., é mais uma música de protesto, lembrando a essência do punk presente no grunge, com um cadinho de hard rock. Vocal bem sujo e guitarra bem sujo, com dissonâncias e microfonias. Já a décima primeira faixa, Tudo Pro Alto, retoma a levada hardcore pop. O vocal volta a ser fácil de entender. Mas a guitarra parece ter perdido as harmonias nessa reta final do álbum. Distorções desarmônicas. A última faixa, Como Tudo Deve Ser, foi o terceiro single do álbum, fez parte do reality show, A Casa Dos Artistas, e carregou um trecho usado pela esposa de Chorão, em sua carta de despedida: “Vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo.“.

Nota 6 de 10.

 
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Publicado por em terça-feira, 03/06/2014 em resenha

 

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The Lake House (A Casa do Lago)

pôster de The Lake House.

O filme The Lake House, dirigido por Alejandro Agresti, lançado em 2008, conta uma história de amor entre Kate Foster (Sandra Bullock) e Alex Wyler (Keanu Reeves). Ela sai do interior de Illinois e se muda para Chicago, para trabalhar num hospital de lá. Porém, ela ainda fica hesitante de deixar o local onde mora. Uma casa próxima a um lago. Então, ela deixa um bilhete para o próximo inquilino, na caixa de correios, pedindo que ele mantenha contato e explicando porque as marcas de patas na porta da frente já estavam lá quando ela se mudou.

Quem gostaria de ter uma caixa de correios que nem essa?

Quando Alex chega, ele encontra a casa toda maltratada. Cheia de poeira, toda suja, coberta de ervas daninhas. E sem nenhum sinal de patas de cachorro. Num momento anterior, seu pai tinha construído a casa. Por isso era um lugar especial para ele. Ele rencontra a tranquilidade e decide restaurar o imóvel. Ele desconsidera o bilhete de Kate, até que num dado momento ele vê um cachorro pisando na tinta fresca, passando pela entrada da casa, deixando as marcas exatamente onde Kate tinha dito que estariam. Então, começam a se corresponder.

Que tal isso para um mindtwist, hein?

Sobe a bandeirinha. Desce a bandeirinha. Sobe a bandeirinha. Desce a bandeirinha. E assim vão se conhecendo, contando de suas vidas e conhecendo mais um sobre o outro. E acabam se apaixonando. A história vai se desenvolvendo, mostrando o lado de cada um, durante o passar dos eventos. Eles descobrem, então, que estão se correspondendo no mesmo dia, porém com 2 anos de diferença.

E se isso não servir de mindtwist, o que serviria?

A partir disso, o filme tem blábláblá e acontece blábláblá e daí, blábláblá, porque todo drama com romance é meio assim. Causou sono um pouquinho. Mas vamos lá, que vale a pena ir até o final do filme! Kate descobre que Alex sofreu um acidente de carro e morreu em seus braços, na Dailey Plaza. Ela desesperadamente tenta alertá-lo para ir para a Casa do Lago, numa tentativa de mudar o futuro.

Será que ela consegue melhorar o mindtwist?

Assiste aí. Trilha sonora conta com This Never Happened Before, do Paul McCartney, It’s Too Late, de Carole King, e muitas músicas de Rachel Portman. Roteiro mamãozinho com açúcar para quem quer assistir um filme abraçadinho com a namorada (ou o namorado, se você for uma leitora).

Nota 7 de 10.

 
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Publicado por em domingo, 25/05/2014 em resenha

 

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Body Of Lies (Rede De Mentiras)

pôster do filme Body Of Lies.

O filme Body Of Lies, dirigido por Ridley Scott, chegou aos cinemas em 2008 e conta a história de um agente da CIA, Roger Ferris (Leonardo diCaprio), agindo em solo jordano, na caça por um poderoso líder terrorista, enquanto ele se encontra no meio das intrigas criadas pelas intenções pouco claras de Ed Hoffman (Russel Crowe), seu supervisor americano e responsável pela inteligência jordana.

Podes esperar um roteiro cheio de reviravoltas?

A resposta clara é sim. De obscuro, o filme só tem o pôster mesmo. É um filme de ação, intriga, espionagem e assuntos de guerra fria que não consegue envolver o espectador na trama. Mata os caras ali, cria o engodo aqui, cerca o sujeito ali, frauda um camarada aqui, faz assim, executa assado, age assim, não age assado. Bem simples. Feito de tal forma que cria a sensação de que falta algo para preencher a atratividade do espectador com o plot. E justamente por ser tão direta a atuação nas interseções entre os diálogos com o supervisor Hoffman e Hani Salaam (Mark Strong),o diretor da GID – Diretorado ou Diretório de Inteligência Geral, que é a Inteligência Jordana – temos o efeito “Leonardo diCaprio pinguepongue”. Que é basicamente o papel que ele exemplifica no jogo de poder entre os dois chefes, metonímias para as instituições de Inteligência.

Então, somos obrigados apenas a acompanhar o trajeto do nosso herói, o filme inteiro?

Sim. E aparentemente, nem nas cenas de tortura, perante o terrorista Al-Saleem (Alon Abutbul), acabamos por sentir empatia pela marionete. Eu disse empatia. Mas o frio na barriga ainda prevalece. Veja a cena e tire suas conclusões. Falta emoção na interpretação de diCaprio. Destaque para a mocinha indefesa, Aisha (Golshifteh Farahani), que, apesar de descabelada, nos brinda com sua beleza iraniana. Rola um flerte no filme. Bem dentro do patriarcado muçulmano, mas rola. Destaque, também, para a cena do almoço com a irmã de Aisha. Bem bolada.

Na trilha sonora de Body Of Lies, temos vários temas arabescos com a faixa Bird’s Eyes, de Mike Patton, Serj Tankian e Marc Streitenfeld e com a faixa Some Like It Hot, de Oomaji. Tem até uma dos Guns N’ Roses, a If The World, do álbum Chinese Democracy. Enfim. o roteiro poderia ter sido mais bem construído. O ponto alto do filme é a fala que abre a participação de Crowe no filme. A partir daí, marionete Leo entra em ação e o filme perde um pouco da “qualidade teórica” que já chega propondo. Com esse elenco, o filme poderia ser muito melhor.

Nota 5 de 10.

 
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Publicado por em terça-feira, 01/04/2014 em resenha

 

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Nadando Com Os Tubarões [Charlie Brown Jr.]

Nadando Com Os Tubarões.

O álbum Nadando Com Os Tubarões foi gravado em 1999 e 2000 e lançado em 2000. É o terceiro álbum da banda Charlie Brown Jr. e não fica devendo em nada, em termos de qualidade, para os outros. Logo na primeira faixa, o hit do álbum, teve seu videoclipe indicado em 5 categorias do MTV Video Music Brasil 2001 e papou dois trófeus – melhor videoclipe de rock e videoclipe do ano (escolha da audiência). Pouca coisa não. Rubão, O Dono Do Mundo já inicia na levadinha hardcore clássica da banda e conta a história de um pé-rapado que ficou milionário da noite para o dia. Empolgante e, novamente, cheia de gritinhos “Charlie Brown!”.

Bem típico deles, né?

A segunda faixa, Ralé, traz uma linha de baixo muito bem construída, uma guitarrinha funkeada muito boa e até trompete. Letras com aquele toque de superação do sentimento de inferioridade da periferia, alegando que são ralé, e tão aí pro que der e vier, pintam um panorama de Sampa e vão tocando o groove. A terceira faixa, Não É Sério, conta com a participação de Negra Li, foi tema de novela e é o segundo single do disco. Uma levada reggae e letras sobre condições sociais dos jovens no Brasil. Talvez a obra-prima do álbum.

“Chorão me chamou para gravar em um rap que ele tinha feito. Me mandou uma fita, mas eu não consegui escrever nada. No final da mesma fita tinha a música `Não É Sério`. Ouvi aquilo e tinha um solo de guitarra e comecei a rimar em cima, escrevi na hora. No dia de entrar no estúdio para gravar, ele me perguntou se eu tinha escrito aquele rap. Eu respondi que não, mas que tinha feito uma letra para outra música que estava na fita. Ele nem lembrava que `Não É Sério` estava naquela fita. O problema é que ela já estava finalizada, já estava mixada e masterizada. Mesmo assim, pedi para mostrar. O Chorão curtiu e `abriu` a gravação de novo para eu cantar em cima do solo de guitarra. Foi a oportunidade da minha vida.”

 

Em O Penetra, ska, hardcore e rap se unem para compor a quarta faixa do álbum. Na quinta faixa, ponto alto do disco, A Banca é aquela clássica reunião de rappers para aloprar uma faixa num rodízio de rimas. Com participação de Sabotage e RZO, vozes e vocalizações benfeitas, beat simples, scratches e baixo marcando certinho o compasso. Uma das melhores faixas do álbum, apesar da temática tráfico de drogas e criminalidade. A sexta faixa, Tudo Mudar, é um pop, com pretensões de hardcore, e acabou indo parar na trilha sonora da novela Malhação. Fichado é a sétima faixa do álbum e chega representando bem a sonzeira misturando hardcore, hard rock e descendo a letra sobre polícia e contando um pouco da rotina do usuário de drogas.

Oitava faixa, Ouviu Se Falar, traz o hardcorezinho, uma bateria acelerada tão acelerada quanto a guitarra e um baixo frenético marcando o ritmo. Nona faixa, Amor Pelas Ruas, instrumental com influências de jazz corta um pouco a onda do álbum, numa espécie de “recompõe as energias aí, ouvinte, que tá só começando”. A décima faixa, Essa É Por Quem Ficou Pra Trás, já retoma a vibe da banda com um hardcorezinho pop, bom de se moshar, com a sonoridade bem típica da banda. A décima primeira faixa, Transar No Escuro, mistura hard rock e hardcore em mais uma empolgante ritmia consolidada pela banda. Destaque para os efeitos da guitarra nas pontes. A décima segunda faixa, Fundão, instrumental e deve ter sido uma daquelas que o Chorão ouviu e falou: “pô, se eu cantar, estraga o beat! deixa assim mesmo!”.

Porque às vezes, o dilema do vocalista é esse mesmo: estragar ou não estragar a música?

Décima terceira faixa, Somos Extremes No Esporte E Na Música, traz um beat suave, baixo marcando de forma simples e a união de rappers novamente, falando de skate, ruas e música. Marca registrada da banda essas uniões de rap. Dessa vez a participação é do pessoal do De Menos Crime. Décima quarta faixa, Talvez A Metade Do Caminho, conta com a participação do irmão do vocalista Chorão, Fábio Arão. Traz uma levadinha hardcore e pop, com destaque para as viradas da bateria e as pontes pré-refrão. A décima quinta faixa, Pra Mais Tarde Fazermos A Cabeça, traz beatbox e vocais de Champignon. Rap de primeira e refrões harmônicos. Muito boa também. A décima sexta faixa, No Desafio, Ibiraboys/A União Prevalece, novamente o coletivo surge na área. Dessa vez acompanhados de um violãozinho no início, marcando uma base simples, os rappers Thron, Pois é, Mikimba, e Radija de Santos voltam soltando o beatbox, os beats e as rimas em ritmo ragga e manguebeat nessa penúltima faixa. A última faixa, Trocando Uma Ideia Com Deus, fecha o álbum com trechos de muita fumaça no ar e das conversas com o Velho Badu, gravações provavelmente feitas nos intervalos de gravação entre uma faixa e outra e entre os erros e acertos dos takes.

Nota 8 de 10.

 
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Publicado por em quinta-feira, 20/03/2014 em resenha

 

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Preço Curto… Prazo Longo [Charlie Brown Jr.]

Preço Curto… Prazo Longo.

O álbum Preço Curto… Prazo Longo, gravado nos anos de 1998 e 1999 e lançado em 1999, figura como o segundo álbum da banda Charlie Brown Jr. E já mostram, na primeira faixa, Confisco, para que vieram nesse disco. A guitarra e a pick-up já anunciam o tom de todo o disco. E a narrativa da letra é o destaque da abre-alas do álbum.

A segunda faixa, importante na composição do CD, Zóio De Lula, traz um misto de reggae na guitarra, rap na letra e uma linha de baixo groovada de acordo. Foi, certamente, um dos grandes hits da banda na época. A terceira faixa mistura hardcore e ska e o destaque vai para a bateria e as pontes de guitarra em Resolve Meu Problema Aí. A quarta faixa é a obra-prima do álbum. Te Levar é o maior sucesso do álbum (da banda, talvez) e foi vinheta da novela adolescente global, Malhação, entre os anos de 1999 e 2006. Uma levadinha pop com uma guitarra inspirada em um hardcore.

Lembra dessa vinheta?

Quinta faixa: O Que É Da Casa, É Da Casa vem mostrando o que os caras são bons mesmo. Beatbox e baixo de Champignon com letra de Chorão. Uma vinhetinha, mas um dos pontos altos do álbum, ao sair do mainstream. Na sexta faixa, o baixo melódico faz a linha para O Preço. Uma vibe psicodélica toma conta dos versos e uma guitarra bem marcada nos refrões. Sétima faixa, Não Deixe O Mar Te Engolir, traz um peso de um hardcore com uma pretensão de nü metal alternando com um groove simples, porém cativante. Na oitava faixa, Hoje De Noite, hardcorezinho com uma levadinha pop e alguns efeitos bem explorados na guitarra dão uma freada na onda do álbum.

E na nona faixa, Bons Aliados, o hardcore ska se faz presente para elevar os espíritos com seus riffs cativantes, contando com a participação de Rodolfo, ex-vocalista do Raimundos, outra banda expoente à época, apologia às drogas, duras de polícia e até solinho de baixo (não é nenhuma megaodisseia pinkfloydiana, mas conjuga bem na música com o solo de guitarra). A faixa cola na cabeça pelos versos mais ao final, “if you’re looking for destruction, ‘cause today you feel so lonely, vou te levar, yeah“. A décima faixa, Puxa Carro, aumenta a tensão pelas harmonias, com refrões bem hardcore. A décima primeira faixa, União, é outra, das melhores do álbum. Com participação dos rappers do De Menos Crime, Homens Crânio, Consciência Humana e Radjja de Santos, a letra fala, sem cerimônia, o dia a dia de Sampa, com versos de primeira categoria, linha de baixo de Champignon, guitarrinha ska, marcando o ritmo, beatbox e até um berimbau logo no início.

A letra original não é freestyle, é a união de vários rappers.

Nem bem estamos na metade do CD ainda e na décima segunda faixa, o hardcore volta à toda, com Aquele Velho Carteado E Algumas Manobrinhas. Refrões e pontes com power chords que empolgam. Na décima terceira faixa, 333, mais hardcore, dessa vez com um tom melódico. Décima quarta faixa, Mantenha A Dúvida, seguindo mais ou menos a linha da faixa anterior. Com destaque para os riffzinhos agudos na guitarra. Décima quinta faixa, Do Surf, é instrumental e traz uma levada surf music com hardcore muito bem arquitetada. É boa para dar uma cortada no vocal do Chorão, que na última faixa forçou um pouco a barra. A décima sexta faixa, História Mal Escrita, é uma das mais legais do lado b do álbum. Riff marcante na guitarra e Champignon volta groovando de acordo!

A décima sétima faixa, Chicanos (Skate Nos Canos) é um instrumental de Champignon, com uma levadinha ska. Abaixa um pouco a frequência do hardcore que, com certeza, deixou seus ouvidos meio zureta! Décima oitava faixa, A Grande Volta, já retoma o ritmo empolgante com pontes e refrão bem feitos e uma linha de baixo inquietante. Décima nona faixa, Cruzei Uma Doida, já traz uma mistura do hardcore da virada do milênio com um tom mais old school. Muito bem feita também. A vigésima faixa, 12 + 1, traz o PMC resgatando a parceria que deu muito certo no primeiro disco da banda, o Transpiração Contínua Prolongada. Hip hop na veia, com todas as temáticas pertencentes ao gênero. A vigésima primeira faixa, Cidade Grande, é um hardcorezinho melódico para todos os apreciantes de Charlie Brown Jr, com destaque para as viradas na bateria e as pontes de guitarra bem feitas também.

A Sabrina Parlatore ainda trabalha na MTV?

Na vigésima segunda faixa, Local, uma levadinha ska acompanhada de linhas de hardcore e efeitos bacaninhas na guitarra. Vigésima terceira faixa, Muito Antes Que Você, é uma das músicas de afirmação de skate, uma das ideologias da banda e é, também, um hardcore no melhor estilo dos joguinhos do Tony Hawk! A vigésima quarta faixa, Depois De Uma Bela Session, Um Belo Sofá, Cerveja, Pizza E Um Videozinho De SK8, é talvez o maior nome de música brasileira (se alguém souber de um maior, entre em contato, deixe um comentário aí no blog!) e é uma vinhetinha instrumental com uma levada de ska, jazz e guitarra pirando nos efeitos. Última faixa do álbum, na vigésima quinta posição, é a Deu Entrada Pra Subir!, aloprando um hardcore e com participação de PMC, narcando os versos na saideira do álbum, que só faz a gente querer deixar no repeat, pra voltar no confisco e deixar o som rolando. Talvez o melhor álbum da banda, rendeu-lhes um disco de platina, e continuou vendendo: até 2013, 464.560 unidades haviam sido comercializadas.

Nota 10 de 10.

 
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Publicado por em sábado, 15/03/2014 em resenha

 

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